Médico fumante, incoerência do
O número de Médicos que tem abandonado o Vício de fumar é crescente. A cada dia menos Médicos fumam - porque já morreram ou pelo Fato de terem se convencido dos malefícios. Para os que ainda não se decidiram quero apresentar mais um argumento: a coerência. É difícil entender e impossível aceitar que aquele que tem por objetivo de vida o estudo da Doença para assegurar a Saúde do próximo não se dê conta de que ele próprio, fumando, além de perder sua Saúde e pôr em Risco a sua vida, perde também toda força moral perante seu Paciente. É inaceitável que um médico se iluda, como o fazem outros fumantes, vítimas da propaganda, que acreditam que certas marcas de cigarros fazem menos mal, ou que, pelo Fato de terem reduzido o fumo, estejam a salvo dos malefícios do Vício. No primeiro caso, é o próprio fabricante, que confessa e divulga, que vende o mal e, como demonstração de avanço tecnológico, cortou Parte de seu Agente maléfico. Na segunda alternativa, o Paciente imagina que esteja fazendo algo para minimizar as conseqüências do seu Vício. Tal procedimento, imagina ele, diminuiu a probabilidade de ter Câncer do pulmão, do estômago, Enfarte do miocárdio, Gangrena do pé, bronquite, além de outros problemas. Na realidade, entretanto, pouco ou mesmo nada de substancial ele fez neste Sentido. Quem sabe tenha retardado, de dias ou semanas, a data do início de suas tragédias ou talvez nem mesmo isso. A questão de fumar menos cria um mecanismo de angústia, que gera suplício. Por um lado, aparenta trazer benefício, mas, por outro, acaba sendo um gerador de tensões, aumentando o Stress e sendo prejudicial a ponto de reduzir ainda mais o esperado Benefício. O fumante fará o que lhe aprouver. Deverá, entretanto, fazê-lo conscientemente e não iludido pelos falsos anúncios da televisão, de que esteja procedendo corretamente em prol de sua Saúde. Na realidade, continua mantendo o Vício e, talvez, até mesmo fixando-o ainda mais, graças aos complexos mecanismos psicológicos, que o induzem a aceitar a Ilusão de elegância, riqueza e de êxito na vida, ligados ao ato de fumar e agora vinculados à grande mentira de que o mal está reduzido. Do ponto de vista médico, a repercussão, para o lado das artérias, depende, principalmente, da Aspiração da Nicotina volatilizada pela queima do Fumo. A Nicotina é um Alcalóide de folha de Tabaco. Trata-se de estimulante ganglionar que libera os mediadores químicos, tanto dos gânglios simpáticos como dos parassimpáticos, ou seja, noradrenalina e acetilcolina. A nicotina, responsável pela Dependência física, eleva a Pressão arterial, aumenta a freqüência cardíaca e Causa vasoconstrição, que, diminuindo o calibre das artérias, prejudica a irrigação dos tecidos. A repetição freqüente desse Fato agrava progressivamente o quadro hipertensivo e prejudica a Circulação nos Órgãos vitais. No Sistema Vascular Periférico o Sistema nervoso autônomo simpático é predominante, a resposta vasoconstritiva é exuberante. Além desse fato, a Glândula adrenal, por sua estrutura ganglionar, vai reforçar ainda mais os efeitos constritores da noradrenalina. A Nicotina estimula os quimicaptores carotídeos e aórticos, produzindo uma Hiperatividade simpática adicional. O fumar desencadeia esse mecanismo, Espasmo das artérias terminais, dificultando a perfusão do tecido, resultando a anoxia, que é a diminuição da chegada de Oxigênio na Célula. Esse Fenômeno ocorre no organismo todo, evidentemente de maneira não homogênea, porém, difusa. O Espasmo inicia-se logo após as primeiras aspirações da fumaça de um Cigarro e atinge o auge MEIA hora após seu término. Permanece nesses níveis durante algum tempo para, a seguir, declinar e, após duas horas, chegar aos níveis basais. Dessa forma, um Cigarro determina anoxia que perdura por cerca de três horas. Logo, aquele Indivíduo que reduz seu Hábito de fumar de um maço de cigarros a apenas dez, ou mesmo MEIA dúzia ao dia, ainda está mantendo seu Sistema arterial em Espasmo durante 18 horas do dia. Reduzindo o número de cigarros, nada fez pela sua circulação, pois os seus vasos continuam em espasmos e a Perfusão tecidual precária continua mantendo condições de má Nutrição do coração, do cérebro, dos rins, dos demais Órgãos e até mesmo propiciando situações para a ação dos fatores desencadeantes dos trombos, que acarretam Gangrena e Enfarte. Além disso, o monóxido de carbono, decorrente da combustão de substâncias orgânicas, ocupa nos glóbulos vermelhos o espaço do Oxigênio e assim, diminui a Capacidade da Hemácia em transportar este elemento vital para os tecidos, causando a hipóxia, ou seja, falta de oxigenação nos tecidos. Além disso, lesa a Parede da artéria, facilitando a formação de placas de ateroma, ou seja, acelerando a Arteriosclerose. Todas essas Alterações se manifestam pelo Acidente Vascular cerebral (derrame), Infarto do coração, Trombose arterial, Gangrena ou Aneurisma. O alcatrão, decorrente da queima do cigarro, lesa a camada interna das artérias, propiciando o início de placas de Arteriosclerose. Em visita que fiz a sete Universidades da República Federal da Alemanha, na Qualidade de ex-bolsista da Fundação Alexander von Humboldt, observei que os colegas alemães crêem com absoluta convicção na correlação direta entre o Fumo e a Arteriosclerose. Chegava a ser pitoresco o Fato de o cirurgião indagar do Residente, durante o ato cirúrgico, ao abrir uma Artéria tomada por extensa lesão, quantos cigarros aquele Paciente fumava por dia e, quase sempre, acertar quando procurava estimar o número de cigarros pela gravidade da Lesão encontrada. Os demais componentes da queima do Cigarro são responsáveis por 75% dos problemas pulmonares, pois irritam as vias respiratórias e aumentam a Secreção do muco, causando Bronquite crônica, responsável por aquela Tosse característica do fumante. Em estágio mais avançado, o pulmão é destruído e ocorre o Enfisema pulmonar: a rotura irreversível dos alvéolos leva à falta de ar do doente, o que chega a limitar sua Atividade física. Se o Indivíduo nesse Estado continua fumando, a destruição do pulmão é ainda maior e haverá falta de ar mesmo que esteja em Repouso. Algumas substâncias que aparecem com a queima do Cigarro provocam Mutação das células da Mucosa dos brônquios. O Cigarro também é responsável pelo Câncer de boca, faringe, laringe, esôfago, pâncreas, próstata, bexiga, Colo do Útero e até pela Leucemia. Tudo isso sem falar nos efeitos estéticos desastrosos, já que a fumaça aumenta a formação de rugas e o Alcatrão escurece os Dentes. É oportuno lembrar aqui a existência de um grupo de pacientes que pode ser chamado de fumante clandestino. Trata-se daqueles que pensam estar iludindo o médico declarando ter abandonado o vício, mas que, na realidade, não o fizeram. A cotidina, Produto da biotransformação da nicotina, é eliminada pelos rins e a Dosagem na Urina revela a falsidade da afirmativa do Paciente. Na Universidade de Oxford, a investigação sistemática tem revelado que quase um terço dos pacientes não confessa a verdade e o exame de Urina detecta o Fato de continuarem fumando.