Cãimbra
Orig. sax. kramp, contrair.
Contração muscular espasmódica, involuntária, extremamente dolorosa e transitória. Poucos a desconhecem, muitos a consideram como Fato corriqueiro e alguns a têm como verdadeiro suplício. A Contração muscular é acompanhada de Tumefação por vezes tão nítida que, em músculos próximos à superfície, pode ser visível em sua evolução durante a Crise. Quando elas se repetem muito o Paciente suspeita de problema circulatório e associa logo a dor ao Perigo de Trombose e vem o pavor da Gangrena. As mulheres pensam de pronto na possibilidade de virem a ter Flebite. As causas arroladas para explicar o aparecimento das cãimbras são múltiplas. Para sua boa compreensão pode-se sistematizá-las em primárias e secundárias e estas são estreitamente vinculadas a fatores predisponentes e desencadeantes. Causas primárias são aquelas devidas a Doença do próprio Músculo. Estas são muito raras. É o caso, por exemplo, da Doença de McArdle, que se refere ao problema Congênito. Nela o Músculo não produz, em quantidade suficiente, a fosforilase, Enzima que degrada o Glicogênio. Fica assim prejudicada a formação da glicose, no músculo, no momento de suas necessidades energéticas. A Doença manifesta-se por fraqueza muscular e cãimbras aos pequenos movimentos. As causas secundárias reúnem os fatores predisponentes e os desencadeantes. Os primeiros podem ser agrupados conforme as cãimbras decorram: de manifestações de doenças outras que não as do próprio Músculo ou de várias circunstâncias que criam condições para o seu aparecimento. Ambos podem ser denominados fatores predisponentes. Entre estes temos: 1- Alterações metabólicas do Músculo causadas por doenças (diabete, obesidade), por Hiperidrose como as dos foguistas, ou as iatrogênicas, decorrentes do uso de Diurético; 2- Insuficiência circulatória central, ou cardíaca (doença mitral e outras), ou arterial (arteriosclerose obliterante periférica), ou, ainda, Estase venosa (varizes); 3- doenças neurológicas que, lesando o nervo motor condicionam a Placa motora a liberar exageradamente a acetilcolina; 4- problemas ortopédicos como pés planos, defeitos da Marcha que condicionam, de uma Forma ou de outra, esforço desequilibrado de certos grupos musculares levando-os à estafa; 5- posição forçada é outro fator que solicita intensamente certos grupos musculares; 6- hábitos como o de fumar ou de beber também interferem, pelo vasoespasmo e pela polidipsia, dificultando a remoção dos metabólitos ou eliminando Sais; 7- fator idiopático que, sem maior explicação, reúne aqueles que apresentam tendência a ter cãimbras. O fator desencadeante, entretanto, parece ser predominantemente a atividade muscular. Esta, dependendo das condições predisponentes, pode ser intensa ou não, demorada ou mesmo fugaz. A atividade muscular, por si só, na Ausência dos fatores predisponentes pode, se for muito intensa, produzir cãimbras. Em tais casos a Persistência funciona como fator Agravante da Crise. Todas as circunstâncias conduzem ao Aumento da excitabilidade do Músculo. Em tais casos os menores esforços podem conduzir rapidamente à Fadiga e dar a Cãimbra. A visão global do problema permite admitir que a Fadiga muscular seja considerada como a maior responsável pelo aparecimento da Cãimbra na população em geral. Os fatores citados, quando reunidos, não se somam mas, sim, se potencializam, aumentando muito a probabilidade de o Indivíduo vir a ter Cãimbra. Cabe, ainda, arrolar, entre esses diversos fatores, as condições emocionais dos indivíduos em que a tensão mantém grupos musculares em permanente Contração levando-os à Fadiga. A todos esses fatores não se deve esquecer de acrescentar o que pode ser chamado de fator idiopático e que, sem uma explicação plausível, nada mais é do que uma certa tendência a ter Cãimbra. O Indivíduo que, além dessa propensão, apresentar um ou mais fatores relacionados, vai integrando o grupo daqueles que têm maior probabilidade de apresentar o problema. Esses aspectos devem ser considerados ao se pretender tratar cada Caso. Muitos são os procedimentos que visam a minimizar a freqüência do aparecimento de cãimbras. Alguns medicamentos, entretanto, têm-se mostrado extremamente úteis. Como o mecanismo de ação de cada um deles é diferente, é de se esperar que os resultados não sejam os mesmos, particularmente, se não forem utilizados adequadamente. O êxito do Tratamento vai depender da indicação correta e do uso permanente do medicamento. A Persistência no Tratamento é fator desestimulante para o Paciente tratar de um incômodo ocasional. Este talvez seja o motivo do malogro da maioria dos tratamentos. Vale considerar que, dentre os fármacos utilizados, está a prostignina que, por ser Antagonista da acetilcolina, age combatendo a cãimbra, pois interrompe a sua ação na Placa motora quando ela é liberada para transmitir o Impulso nervoso. A vitamina B12, pelo Fato de intervir no transporte do glicídio, pode ajudar no Tratamento. A reposição de Sais minerais, às vezes, apenas tomando suco de laranja, ajuda sobremaneira nos casos das cãimbras do Calor ou das que aparecem na vigência do uso do Diurético. Os vasodilatadores têm pouco valor até mesmo nas cãimbras dos doentes isquêmicos. Os miorrelaxantes, o cálcio, o Magnésio e os ácidos aminados têm revelado resultados incertos. Estes últimos não são tão precários quando se trata de idosos e nas cãimbras devidas à Fadiga. Os melhores resultados na Prevenção da Cãimbra são observados com o uso da quinidina. Ela age diminuindo a excitabilidade da Fibra muscular. Como a via final comum do Processo desencadeador da Cãimbra é a excitabilidade muscular elevada, ela tem-se revelado o mais eficiente medicamento utilizado para prevenir a Cãimbra. O fosfato de cloroquina, usado como Antimalárico e na Artrite reumatóide, tem mecanismo de ação semelhante à quinidina e assim apresenta, também, resultados equivalentes. A fisioterapia baseada em Calor e massagem corrobora no tratamento, embora ela deva restringir-se mais ao Tratamento do Estado doloroso, resultante de uma Cãimbra muito forte. Em resumo, pode-se dizer que a Cãimbra resulta de um Aumento da excitabilidade do Músculo e que a Atividade física a desencadeia. A Prevenção eficiente vai depender da possibilidade de afastarem-se os fatores predisponentes. O mais das vezes é muito difícil pois, ou são doenças metabólicas como a obesidade, ou diabete e outras ou são Medicamentos como os diuréticos que estão sendo utilizados no Tratamento de uma Hipertensão arterial. O malogro do Tratamento preventivo está no Fato de o Paciente ter que tomar Remédio continuamente para prevenir uma dor ocasional, o que não motiva suficientemente o doente. Assim que as crises se espaçam, ele tende a esquecer o uso do medicamento. Com estes esclarecimentos, espera-se que aquele que tem na Cãimbra um verdadeiro suplício, compreendendo a problemática, ajude a si próprio a minimizá-la e o que a tem ocasionalmente não se apavore vendo nela Pródromos de Doença grave.
___ e doenças do trabalho, não pode ser considerada como Doença profissional, mas, como manifestação que ocorre durante o Trabalho. Em alguns casos elas ocorrem com tanta freqüência que, tradicionalmente, chegam até a levar o nome da profissão para caracterizá-la. Os mecanismos de ação, entretanto, são diferentes, embora algumas possam ser grupadas como a câimbra dos escrivães, das datilógrafas e dos pianistas que, na verdade, são decorrentes da Fadiga dos músculos do Antebraço e mãos. O Tratamento da Crise faz-se com imediata interrupção da atividade, massagem local e, eventualmente, se for possível, aplicação de Calor no local da câimbra. A profilaxia mais eficiente é feita com a constância do exercício, que vai aumentando progressivamente a aptidão do indivíduo, e as câimbras vão rareando. Câimbras dos mineiros, a dos foguistas são decorrentes da grande perda de Sais minerais, pela Sudorese abundante que o Ambiente de Trabalho desencadeia. Esta pode ser prevenida pela ingestão diária de algumas gramas de cloreto de Sódio. Interessante salientar levantamento recente feito em fundições, entre operários que trabalham em ambientes com Temperatura elevada, e que se negam a ingerir sal, como medida preventiva de perturbações metabólicas, pela crendice de poderem vir a ter Impotência sexual. Estes, indagados sobre a freqüência de câimbras, não revelaram diferença significante da encontrada na população em geral. O Fato foi interpretado como decorrente do Hábito alimentar de ingestão de carne seca e esta ser rica em sal.
(ref. CID10) Cãimbra devida ao calor, (T67.2)
Cãimbra dos nadadores, (T75.1)
Cãimbras e espasmos, (R25.2)