Vida, perigo de

De Enciclopédia Médica Moraes Amato
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Certa ocasião, num cercado que protegia uma torre de Transmissão de alta tensão, li, numa placa, onde aparecia o símbolo da morte, abaixo deste, a expressão - Perigo de vida - e, do outro lado, em Placa semelhante, também sob o mesmo símbolo, o dístico - Perigo de Morte. Palavras com significados opostos usadas com igual Sentido. Elas ressaltavam o significado do Risco.
Risco é a probabilidade de Perigo e, num Sentido geral, significa a possibilidade de perda. Trata-se de uma situação, seja ela objetiva ou não, de possibilidade de acontecimentos alternativos. Está implícita, em sua compreensão, a incerteza, o que implica na possibilidade de ocorrer um dano, seja ele de que natureza for.
O Risco existe, quer dele se tenha Consciência ou não. Em medicina, ele acompanha toda a ação médica, com maior ou menor expressão. E, em situações de grande incerteza, para a tomada de decisões tem-se a pretensão de quantificá-lo para sumária avaliação, confrontando o Risco com o Benefício.
A questão do Risco costuma ser posta dentro dos parâmetros de uma distribuição de probabilidade, condição esta que é necessária, porém insuficiente. Tudo se passa dentro de um raciocínio Matemático de expectativa sistemática.
O risco, no concernente ao Procedimento médico, é dificilmente quantificado, pois se trata de um julgamento com múltiplos aspectos e que varia para cada especialidade. Nos casos em que, para o quadro clínico do Paciente há indicação cirúrgica, é relevante saber qual a probabilidade de o Paciente vir a falecer em decorrência do Procedimento cirúrgico que se impõe para tratar a doença, diante das condições em que se encontra no momento. Na essência, trata-se de estimar o Perigo de Morte que o Paciente corre para receber o Benefício proposto ou mesmo para ser submetido à operação sugerida.
Na verdade, as especialidades de maior Risco são aquelas em que, entre os métodos terapêuticos, estão os cirúrgicos. A Cirurgia em si é uma Agressão ao Corpo humano, que aumenta as alternativas de resultados. Como, praticamente, quase todas as operações são precedidas de anestesia, ao Risco da Cirurgia se soma o da anestesia, uma vez que esta tem por finalidade inibir os reflexos para provocar a perda temporária da Sensibilidade. Se for geral - o Risco cresce -, já que o objetivo é a inconsciência completa, à custa de processos artificiais, utilizando agentes ditos anestésicos. Convém ressaltar que, aqui, a Periculosidade é maior no início, quando o Processo vai se instalando progressivamente, e se reapresenta na reanimação, quando os reflexos vão sendo recuperados nos diversos níveis.
Três aspectos devem ser ponderados para se ajuizar adequadamente cada Caso. O primeiro deles é o decorrente da Doença: o Perigo de vida que ela representa e a urgência de Tratamento que se impõe, como no Caso de um Aneurisma roto, ou de um Traumatismo. Estes, sejam quais forem as demais condições do paciente, impõem Tratamento imediato; se, no momento da avaliação, não houver tempo, eles, por si, levam o doente à Morte e uma atitude heróica poderá salvar a vida, muito embora possa causar seqüelas, algumas até imprevisíveis e dependentes do sofrimento que a condição aguda produziu e o organismo suportou. O segundo a ser considerado é o Estado de Saúde do Paciente no momento. Deste ponto de vista é de se considerar preliminarmente sua idade, pois ela representa, em certas circunstâncias, a maior vulnerabilidade do Paciente. É o Caso da Criança e do idoso. Outros elementos são: moléstias ou estados mórbidos como Hipertensão arterial, diabetes, Estado de choque, hipotensão, desidratação, presença de hemorragias, febre, infecção, tromboembolia, Infarto recente do miocárdio, traumatismo, depressões emocionais, psicopatias, além de outros problemas. O terceiro aspecto, que aliás é comumente esquecido, é o da experiência do especialista e, no Caso do cirurgião, de sua habilidade. Sua Qualificação Técnica e maturidade, o satisfatório conhecimento de casos semelhantes, influem também no grau de garantia do êxito do Tratamento. Feitas essas considerações convém dar alguns subsídios a mais, referentes ao item dois, uma vez que o primeiro fica explícito no Diagnóstico do Caso e o terceiro passa a depender de uma auto-avaliação consciente do cirurgião que se propõe a operar.