Relação médico-paciente
Constitui forte Ponte de união entre as pessoas, pelo Fato de suportar pesadas cargas emocionais. Enquanto os fatores humanos a fortalecem, a avalanche de recursos tecnológicos tem abalado sua sustentação. O médico deve preocupar-se em tirar os melhores benefícios da tecnologia, com o cuidado de prevenir eventuais malefícios. Os recursos tecnológicos recentemente incorporados à medicina, podem constituir-se em grande atrativo facilitando a compreensão dos fenômenos e, assim, multiplicando sua Capacidade de trabalho, pois, sabendo mais, melhora sua produtividade. A informática está propiciando ao médico, e particularmente ao especialista, a possibilidade de manter-se atualizado. Trata-se de realidade entre nós. Hoje, existe a possibilidade de se fazerem diagnósticos mais precoces e mais precisos com menos agressividade. Esse Fato tem propiciado, por sua vez, novas oportunidades terapêuticas. O programa inteligente está prestes a Poder dissipar dúvidas em casos concretos, utilizando os últimos conhecimentos e a Sabedoria dos mestres de cada especialidade. Entretanto, a mentalidade que envolve essa dinâmica do pensamento valoriza excessivamente os exames sofisticados. Estes ofuscam alguns jovens inexperientes, que acabam esquecendo o real valor do exame clínico e, assim, vão distanciando-se dos doentes. Este é o efeito secundário indesejável do Progresso que traz embutido em si o malefício do retrocesso. Afastado do Paciente o relacionamento torna-se difícil, a Comunicação fica prejudicada e o médico acaba por não o informar de tudo que deve saber, e, às vezes, ele fica sem saber o motivo que trouxe o doente à consulta. A Anamnese cuidadosa e bem dirigida, feita de maneira tradicional, ainda continua sendo a Fonte mais rica de informações concernentes à Doença e ao Indivíduo. Os dados complementares propiciados pelos familiares e amigos íntimos, muitas vezes, também, contribuem sobremaneira para o Diagnóstico. A intimidade do consultório propicia um Ambiente sagrado de confessionário, onde as revelações fluem com espontaneidade por estarem protegidas pelo Sigilo Profissional. O exame físico, exigindo Contato da mão do médico no Corpo do paciente, transmite o Calor da fé. Esse condicionamento gera a mais forte energia necessária para o êxito do Tratamento - a confiança do Paciente em seu médico. Esse relacionamento permite ao médico avaliar o grau de Ansiedade do paciente, e saber como ele está reagindo ao Infortúnio: com repulsa ou aceitação. É comum o Paciente crônico, não se conformando com a realidade, atribuir ao médico o malogro do Tratamento decorrente de suas falhas na observância das prescrições. Alega não ter sido esclarecido adequadamente de que sua Negligência poderia resultar em Complicações graves. A Receita médica é muito importante. A obediência às prescrições nela contidas vai depender da confiança e do modo de como transmitir ao Paciente. Ela deve conter, além da relação de Medicamentos a serem usados, também a orientação completa e minuciosa do que fazer, deixando claro quanto: 1- à necessidade ou não do Repouso no leito, de exercícios passivos ou ativos ou mesmo do Condicionamento físico; 2- quais restrições dietéticas; 3- à permissão ou não do uso de Bebida alcoólica; 4- à proibição absoluta de fumar; 5- aos controles, como fazê-los e com que rigor; 6- às medidas higiênicas a serem adotadas; 7- à relação dos medicamentos, ficando bem claros a dosagem, via de aplicação, horário, eventuais efeitos secundários e quando deve terminar o Tratamento; 8- ao uso de Medicamentos que se potencializam ou que agravam eventuais problemas compensados; 9- eventuais intercorrências e os procedimentos recomendados; 10- necessidade de retornar à consulta, ficando claro quando e, também, porquê. Esses procedimentos devem ser rotineiros ao término de cada consulta e jamais omitido nos casos graves, nos atendimentos domiciliares e nas altas hospitalares. Uma vez construída a Ponte de ligação, o médico não pode esquecer que do outro lado está um ente angustiado à espera de uma palavra de apoio. No momento de se comunicar com o doente nunca poderá ser esquecido o Fato de que a Doença envolve sua vítima num forte clima emocional, que dificulta a compreensão e perturba a Memória. Além desse fato, ocorre o de que o Paciente só vai colaborar se estiver consciente do problema e de suas conseqüências. A dúvida gerada pelo desconhecimento da Doença costuma afligí-lo. O melhor calmante ainda é esclarecer o suficiente para ele entender o que está se passando e qual será o prognóstico com ou sem Tratamento. O Paciente deve ficar ciente de seu problema para ter, ele próprio, condições de tomar sua decisão e escolher o que lhe aprouver, consciente dos riscos. A pesada carga de Emoção não pode estremecer aquela Ponte cujo pilar se fortalece graças a duas virtudes que o médico deve cultivar: bom senso e habilidade. Em casos delicados, o conhecimento exato da Doença poderá agravá-la. Entretanto, na maioria das vezes, apenas o adequado conhecimento do problema motiva o Paciente a cuidar-se corretamente ou, até mesmo, a conformar-se, aprendendo a Conviver em paz com a Doença. Essa Ponte tem, na verdade, um só pilar a sustentá-la: o médico. Sua vocação vai fazer com que trabalhe com devoção e que encontre satisfação no bem que puder propiciar a seu Paciente. A habilidade com que souber aproveitar os recursos de informação para enriquecer sua Cultura médica e humanística, bem como o bom senso com que ele a utilizar, vão melhorar a Qualidade de vida de seus pacientes e garantir o êxito na sua profissão.