Meningite por Haemophilus influenzae
O Haemophilus influenzae pode ser classificado em 6 sorotipos (A, B, C, D, E, F), a partir da diferença antigênica da Cápsula polissacarídica. O Haemophilus influenzae, desprovido de cápsula, se encontra nas vias respiratórias de Forma Saprófita e pode causar apenas infecções luminares, como bronquite, sinusites e otites, tanto em crianças como em adultos. A fórmula capsulada do Haemophilus influenzae, particularmente a do Tipo B (HIB), é a responsável pela quase totalidade dos casos de Doença invasiva, originando bacteremias com metástases sépticas à distância, causando meningite, septicemia, pneumonia, epiglotite, celulite, Artrite séptica, Osteomielite e Pericardite.
Agente Etiológico: Haemophilus influenzae Sorotipo B; raramente outros sorotipos. É um Bacilo gram-negativo, pleomórfico, imóvel, capsulado. Este microorganismo também Causa epiglotites, pneumonia, Artrite séptica, celulites, pericardites e osteomielites.
Reservatório: o homem.
Modo de Transmissão: através de gotículas e secreções nasofaríngeas, durante o Período Infectante. O sítio de entrada mais freqüente é a Nasofaringe
Período de Incubação: desconhecido e provavelmente curto, de 2 a 4 dias.
Período de Transmissibilidade: todo o tempo em que estejam presentes os microorganismos. Pode ser duradouro, inclusive, sem secreções nasais. A Enfermidade deixa de ser transmitida ao término de 24 a 48 horas, após o início de Tratamento eficaz com antibióticos. Existe Risco de Infecção nos comunicantes domiciliares de casos primários de meningite, no mês que se segue à ocorrência de Doença no Caso Índice. É de 0,5% a Taxa de Infecção nos comunicantes acima de 6 anos de Idade; 2%, em menores de 4.
Suscetibilidade e Imunidade: a suscetibilidade é universal. As crianças são infectadas nos primeiros anos de vida; cerca de 90% dos casos ocorrem entre 3 meses e 4 anos de Idade. A proteção conferida pelos anticorpos maternos vai declinando até os 3 meses de idade, com conseqüente Aumento de suscetibilidade. A Imunidade vai aumentando progressivamente. As evidências são de que os anticorpos séricos anti-capsulares exerçam papel preponderante na proteção contra as infecções por Haemophilus influenzae B, podendo, inclusive, ser induzida por vários cocos, o Streptococcus pneumoniae 6, 15, 29 e 35, algumas cepas da Escherichia coli e outras enterobactérias, promovendo Imunidade por reação cruzada. Portanto, a partir dos 3 anos de idade, a suscetibilidade vai diminuindo.
Aspectos Clínicos: A meningite Haemophilus influenzae Tipo B não difere, clinicamente, das outras etiologias. Geralmente, o Haemophilus influenzae penetra pelo Trato respiratório e produz uma nasofaringite, freqüentemente acompanhada de Febre. O Germe alcança a corrente sangüínea, originando bacteremias com focos sépticos para as Meningites. A Idade do Paciente e a possibilidade de certas manifestações clínicas associadas, como Celulite (especialmente localizada na face) e epiglotite, podem sugerir o Diagnóstico por Haemophilus influenzae Tipo B.
Complicações: Entre as Complicações e seqüelas comuns a todas as Meningites bacterianas, as coleções subdurais ocorrem com maior freqüência na meningite por Haemophilus influenzae b, principalmente em crianças menores de 1 ano. Os critérios clínicos indicativos de coleção subdural são: a Persistência de Febre durante o tratamento, má evolução clínica, sinais de Hipertensão intracraniana, Convulsões focais ou generalizadas, embora, em muitos casos, as coleções subdurais sejam assintomáticas. A transiluminação do Crânio é um valioso exame na investigação de coleção subdural. A punção subdural é um importante Procedimento para o diagnóstico, além de se constituir em método terapêutico. A punção deve ser efetuada bilateralmente, pois a maioria dos casos é bilateral. A punção poderá ser repetida, se necessário, diariamente.
Notificação compulsória (Fundação Nacional de Saúde).
___ tuberculosa, Agente Etiológico: o Complexo Mycobacterium tuberculosis é constituído de várias espécies, a saber: M. tuberculosis, M. bovis e M. africanum. O M. tuberculosis é um Bacilo não formador de esporos, sem flagelos e que não produz toxinas. É uma espécie aeróbica estrita, necessitando de Oxigênio para crescer e se multiplicar. Tem a Forma de bastonete medindo de 1 a 4 Micra. Quando corado pelo método de Ziehl-Neelsen, fixa a fucsina, não se descorando após tratado pelos álcoois (álcool-ácido resistente).
Reservatório: embora outros animais, em especial o gado bovino, possam ser reservatórios da doença, é o homem, com a Forma pulmonar bacilífera, que tem maior importância epidemiológica.
Modo de Transmissão: a Transmissão se dá principalmente por via aérea, pela qual os bacilos penetram com o ar inspirado e vão atingir as porções mais periféricas do pulmão. Os casos de Tuberculose pulmonar com escarro positivo à Baciloscopia constituem a principal Fonte de infecção, pois eliminam grande número de bacilos, podendo provocar uma Infecção maciça dos contatos, com maior probabilidade de desenvolvimento de formas graves da doença, como a meningite. Outras vias são excepcionais e qualquer Solução de continuidade da Pele e mucosas pode servir de porta de entrada para o Bacilo. A Transmissão por Contato indireto, através de objetos (fômites) ou poeira, não é importante. A porta de entrada preferencial do M. bovis é a digestiva.
Período de Incubação: após a Infecção pelo M. tuberculosis, ocorrem, em média, 4 a 12 semanas para a detecção das lesões primárias. A meningite tuberculosa é, em geral , uma complicação precoce da Tuberculose primária (primo-infecção), ocorrendo freqüentemente nos primeiros seis meses após a infecção, podendo, no entanto, se manifestar após um Período de anos.
Período de Transmissibilidade: A meningite tuberculosa não é transmissível. Quando for associada à Tuberculose pulmonar bacilífera, a transmissibilidade se mantém enquanto houver Doença pulmonar ativa, na Ausência de Tratamento específico. A Quimioterapia da tuberculose, quando prescrita e seguida corretamente, anula praticamente a contagiosidade dos doentes bacilíferos nos primeiros quinze dias de Tratamento.
Suscetibilidade e Imunidade: a suscetibilidade é geral, sendo maior nos menores de cinco anos. A Vacina BCG confere proteção em torno de 80%, evitando a disseminação hematogênica do Bacilo e o desenvolvimento de formas meníngeas.
Distribuição, Morbidade, Mortalidade e Letalidade: a meningite tuberculosa não sofre variações sazonais. Sua distribuição como a da Tuberculose não é igual em todos os continentes. A Doença guarda íntima relação com os índices sócio-econômicos, principalmente naqueles países onde a população está sujeita à Desnutrição e às condições precárias de Habitação. A Morbidade e a Mortalidade da tuberculose, de uma Forma geral, são maiores no Sexo masculino. Com relação à faixa etária, o Risco de adoecimento é elevado nos primeiros anos de vida, muito baixo na Idade escolar, voltando a se elevar na Adolescência e início da Idade adulta. Os grupos etários mais avançados e os indivíduos HIV(+) também contribuem para um maior adoecimento. A Incidência de meningite tuberculosa é um indicador epidemiológico importante de uma região, já que guarda estreita correlação com a Incidência de casos bacilíferos na população adulta.
Aspectos Clínicos - A meningite tuberculosa, decorrente da disseminação hematogênica do bacilo, é uma das Complicações mais graves da Tuberculose. O quadro clínico da meningite é, geralmente, de início insidioso, embora alguns casos possam ter um começo abrupto marcado pelo surgimento de Convulsões. Classicamente, o curso é dividido em três estágios: Estágio I - Em geral, tem duração de 1 a 2 semanas e se caracteriza pela inespecificidade dos sintomas, podendo ocorrer febre, mialgias, sonolência, apatia, irritabilidade, cefaléia, anorexia, vômitos, dor abdominal e mudanças súbitas do humor, sintomas comuns a qualquer Processo inespecífico. Nessa fase, o Paciente pode encontrar-se lúcido e o Diagnóstico geralmente é estabelecido pelos achados liquóricos.
Estágio II - Caracteriza-se pela Persistência dos sintomas sistêmicos, mas surgem evidências de Dano cerebral, com sinais de Lesão de nervos cranianos, exteriorizando-se por paresias e plegias, estrabismo, Ptose palpebral, irritação meníngea e Hipertensão endocraniana. Nessa fase, alguns pacientes apresentam manifestações de Encefalite com tremores periféricos, distúrbios da fala, trejeitos e movimentos atetóides das extremidades.
Estágio III - Ou Período terminal, quando surge o déficit neurológico focal, opistótono, rigidez de nuca, Alterações do ritmo Cardíaco e da respiração e graus variados de Perturbação da consciência, incluindo o Coma. Em qualquer estágio clínico da doença, pode-se observar Convulsões focais ou generalizadas.
Na maioria dos casos de meningite tuberculosa, há alteração pulmonar observada ao exame radiológico. O Teste tuberculínico pode ou não ser reator. É importante lembrar que o Teste tuberculínico somente tem valor nos pacientes não vacinados com BCG. Poderá apresentar resultados negativos nos indivíduos analérgicos, pacientes na fase terminal, naqueles com Tuberculose de disseminação hematogênica, na Desnutrição grave e nos pacientes com AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida).