Falso positivo e falso negativo

De Enciclopédia Médica Moraes Amato
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O Erro pode ser apresentado como a idéia do que é contrário à verdade e, assim, o falso pode ser tomado como verdadeiro ou, inversamente, o verdadeiro tomado como falso.
Como nesse Trabalho a preocupação primeira é estudar o Erro médico, é conveniente que se ponderem os elementos de que se lança mão para fazer o Diagnóstico e qual o grau de segurança deles. Toda preocupação é válida e deve ser permanente. A tecnologia tem enriquecido sobremaneira o Arsenal propedêutico para possibilitar o Diagnóstico cada vez mais precoce e também mais preciso. Indiscutivelmente, a vocação reivindicatória do povo americano tem contribuído significativamente para desenvolver a tecnologia para conseguir Diagnóstico médico com três características interligadas: precisão, Sensibilidade e inocuidade. Essa preocupação fez aparecer os chamados exames não invasivos. Assim, a atual situação da medicina está permitindo, a cada dia, chegar precocemente a diagnósticos mais precisos, sem molestar e, às vezes, até mesmo sem causar desconforto ao Paciente.
Tal fator de grande Progresso não pode, pelo menos numa primeira etapa, deixar de aumentar enormemente o custo dos serviços de Saúde. A primeira etapa foi referida na esperança longínqua de que, um dia, venha a ocorrer com o mecanismo de Progresso dos procedimentos na Área de Saúde o mesmo que se dá na Área da computação, em que o produto, na segunda geração, é mais barato do que foi na ocasião de seu aparecimento.
Embora esse Progresso tenha, cada vez mais, minimizado o Erro do diagnóstico, não conseguiu fazer desaparecer o que se chama correntemente de resultado falso, embora nada mais seja do que resultado errado. O resultado falso tem duas versões, conforme sua natureza e, conseqüentemente, com desdobramentos diferentes. Na verdade, tudo se resume ao grau de confiabilidade do exame: se ele revela ou não a verdade. Nesta segunda hipótese, ele pode ser errado de duas maneiras: ou pelo Fato de mostrar uma Doença que o doente não tem ou por não revelar a Doença que tem. Assim, temos o Falso positivo ou Falso negativo respectivamente.
As conseqüências em certos casos, tanto numa como na outra circunstância, podem ser desastrosas e irreparáveis. Imagine-se inicialmente um resultado anatomopatológico de uma Biópsia de Mama que revele uma neoplasia, Caso em que a indicação seja mastectomia, que é uma operação mutilante. O mal será maior se o Fato ocorrer de maneira inversa: a Paciente tem Câncer e o resultado foi negativo. O Dano nessas circunstâncias será maior, pois a evolução da História natural de um Carcinoma de mama, dependendo de sua natureza, costuma ser fatal.
Há, entretanto, certos tipos de exames cujo Falso negativo costuma ser praticamente esperado. É o Caso do exame de fezes que, se negativo, deve ser repetido dez vezes para que assim o seja considerado. É fácil compreender esse Fato pois, para aparecerem os ovos de um Parasita em uma lâmina do Microscópio onde foi colocada amostra das fezes, é necessário que sua quantidade no Intestino seja muito grande.
Essas ponderações ressaltam, por um lado, a gravidade das conseqüências e, por outro, a fragilidade da certeza. Deve-se, em conexão com elas, assinalar ainda que, apesar de os laboratórios mais sérios e conceituados muito se preocuparem com o Controle da qualidade, em muitos casos fica evidente certa inobservância do rigor da Técnica de exames e a falta de precaução no emprego das táticas recomendadas. Aliás, caberia salientar que é papel das entidades públicas e Institutos procederem aos controles de Qualidade dos Laboratórios de Análises Clínicas, zelando assim pelo padrão de Qualidade da Saúde pública. Hoje, as distorções políticas desviam tais organizações para outras soluções, em detrimento desses objetivos mais amplos e superiores voltados para o bem comum.
Na prática, e por Abandono desse Controle governamental, os laboratórios mais cuidadosos trocam informações entre si e procuram aferir seus resultados fazendo exames em soros com valores conhecidos e, assim, se autocontrolam. Fica-se sempre à mercê da probabilidade.