Estilo de vida do médico
O Arsenal Diagnóstico e os recursos disponíveis atuais modificaram o clássico Estilo de vida do médico que todos tinham de antigamente e que foram transmitidos pelos nossos avós. Em contraposição ao que ocorre com os demais profissionais que trabalham em média oito horas por dia, o médico consegue trabalhar dia e noite seguidos. Onde estiver, mesmo dormindo, ele está à disposição de seu doente. No recôndito do lar, nas suas horas de repouso, um ruído telefônico, uma voz angustiada, é o suficiente para despertá-lo e levá-lo ao Trabalho com a maior naturalidade, como se estivesse em pleno dia. A escolha da profissão médica está baseada no fascínio pelo estilo de vida que propicia e no privilégio de desenvolver capacidades inatas, muitas das quais aparentam, ao leigo, verdadeiro sacrifício. É a única profissão que, através da Prevenção de doenças, investe contra si própria. Para o exercício profissional o médico necessita, além de muito conhecimento e grande sabedoria, também de enorme dedicação ao doente. Nas últimas décadas, a ciência progrediu de tal Forma que se tornou impossível ao médico ter conhecimento completo de todas as áreas da Medicina. O recurso encontrado foi natural e assim, apareceram as especialidades. Esta maneira foi a Forma de se conseguir conhecimento Mínimo suficiente, em uma determinada Área do saber, para o exercício consciente e responsável da Medicina. Os doentes perderam o seu Médico de família mas ganharam um médico mais cientista. A divisão da profissão em várias especialidades gera dificuldades ao Paciente para procurar o médico pois, nem sempre sabe a quem deve recorrer. Enquanto para o doente a Especialização criou tal dificuldade, para o médico jovem, o grande Arsenal de exames complementares leva-o a perder-se diante de múltiplas escolhas, dificultando, assim, orientar o doente. O Fato de existirem muitos exames, nem sempre com resultados coerentes, pode gerar confusões para o estabelecimento de condutas. É necessário ficar bem claro que o importante é o doente, e não o exame. Este revela apenas o aspecto de Análise de um momento da vida do Indivíduo. Vale ressaltar a Soberania de um bom exame clínico completo, onde uma boa Análise revela a História da doença, com maiores oportunidades de levar a uma pista para o Diagnóstico. É óbvio que os exames complementares devem ser utilizados, mas, adequadamente, procurando-se comprovar o Diagnóstico já feito, através da Anamnese e do exame físico completo, sistemático, conseguido graças ao bom relacionamento entre médico e paciente, onde a confiança é o vínculo mais forte. O médico não pode esquecer a Angústia que gera a expectativa do resultado de um exame, nem sempre elucidativo do diagnóstico, implicando, por vezes, na necessidade de outros e mais outros exames. Diante de tantos recursos propedêuticos atuais, não é aceitável o não-diagnóstico por falta de conhecimento médico. Quando o profissional percebe que o Caso está fora de seu alcance, ao invés de perder-se em exames complementares, deve encaminhar o Paciente a um especialista, para que a Assistência médica seja oportuna, exata e humana, valendo-se o profissional de todos os recursos que a Medicina oferece hoje.