Ecossitemas de Fungos Ambientais

Dentre as partículas suspensas na atmosfera capazes de provocar reações patológicas no Trato respiratório acham-se fungos, micro organismos pertencentes ao Reino dos Fungos, atualmente separados do reino dos animais, vegetais, dos vírus e dos prions. Calcula-se que devam existir mais de um milhão e meio de espécies de Fungos espalhadas em todas as regiões do globo, com exceção das calotas polares. No seu Ciclo de vida formam elementos de reprodução, denominados esporos, que são lançados na atmosfera e que são transportados pelos ventos. A inalação desses esporos constitui a maior Fonte de exposição do homem e dos demais animais aos fungos, a qual se caracteriza por um Contato Contínuo e perene. Os fungos, como seres protêicos, ao serem inalados podem sensibilizar os indivíduos e serem responsáveis por reações alérgicas, como conjuntivites, rinites e Asma. Todavia, na pratica dos alergistas, a possibilidade destas sensibilizações através dos testes cutâneos, é muito baixa e gira ao redor de cinco porcento. Estas cifras são extremamente baixas quando se comparam com aquelas dos Ácaros ambientais, que costumam girar em torno de quase a metade das manifestações alérgicas respiratórias. Sob o ponto de vista epidemiológico, as sensibilizações aos Fungos deveriam ser bem mais elevadas, pois os Fungos são universais e os Ácaros sobrevivem apenas em ambientes fechados, fora da ação dos raios solares e com umidade do ar aumentada. Entretanto, a grande diferença que existe entre dois tipos de alérgenos ambientais, se deve ao Fato de que os Ácaros inalados são constituídos de detritos de seus corpos ou de bolotas fecais, enquanto os esporos são células vivas e responsáveis pela reprodução. Desse modo, enquanto os antígenos de Ácaros são capazes de acarretar manifestações apenas pelo mecanismo de sensibilização alérgica, os esporos põem também se desenvolver no interior dos brônquios e Bronquíolos e lesar o Tecido pulmonar através do mecanismo infeccioso. Na verdade, a razão mais importante se acha no papel que esses Fungos representam no seu Ecossistema. Enquanto os vegetais são capazes e produzir seu próprio alimento, utilizando para isso substâncias retiradas do solo, do ar e da água, os animais, por não serem capazes de produzir matéria orgânica, recorrem aos produtores para conseguí-la. Finalmente existem ainda os decompositores, representados especialmente por bactérias e pela maioria dos fungos, que se alimentam de restos de organismos vivos ou mortos, e que são responsáveis pela Decomposição do material protêico que, por sua vez, é devolvido ao meio ambiente, como matéria inorgânica. Estas podem ser absorvidas elos produtores através da atividade da fotossíntese. Desse modo os Fungos ambientais apresentam Função muito importante no eco-sistema dos seres vivos na reciclagem do Carbono e do Nitrogênio. Sem a participação dos mesmos não haveria possibilidade de sobrevivência dos demais seres vivos, inclusive do homem. Os Fungos ambientais são normalmente saprófitas, e não costumam ser patogênicos aos indivíduos normais e, mais particularmente, aos indivíduos com Sistema imunológico funcionante. Porém, no Caso de indivíduos imuno-deficientes, eles adquirem agressividade, lesando os tecidos. Por essa razão, são denominados “fungos oportunistas”. Dentre eles os Fungos do gênero Aspergillus, assumem papel importante em relação a agressividade, em especial, o Aspergillus fumigatus. Este fungo tem como habitat natural o solo, onde ele se desenvolve a custa de restos de material orgânico. Apesar de não ser a espécie de fungo de maior Prevalência no mundo, é todavia a mais ubíqua entre todas aquelas que apresentam esporos. Estes são extremamente pequenos, com diâmetros de 2 a 3mmc e, por isso quando inalados, penetram com facilidade nos brônquios, atingindo os alvéolos pulmonares. Eles são encontrados tanto no interior das casas como no meio Ambiente externo. Calcula-se que as pessoas devem inalar numerosos esporos de Aspergillus fumigataus por dia. A inalação desses esporos por indivíduos sadios facilmente acarreta algum efeito adverso, de vez que eles são eliminados eficientemente pelos mecanismos imunes naturais. O Aspergillus fumigatus até recentemente era considerado responsável por algumas formas de Patologia alérgica, como o pulmão de fazendeiro, condição esta observada em indivíduos repetidamente expostos a seus esporos, ou então, da entidade nosológica denominada “aspergiloma”, que consiste num maior Crescimento desses Fungos no interior de cavidades pre-existentes nos Pulmões de pacientes portadores de Tuberculose tratada. Todavia, essa situação tem-se mudado de modo extraordinário recentemente, devido o Aumento de indivíduos imunodeprimidos, especialmente pelo emprego de terapias imunossupressivas. Nesta última década, o Aspergillus fumigatus tornou-se o Agente patogênico mais importante dos Fungos oportunistas, responsável por infecções invasivas e fatais em pacientes imunocomprometidos. A Aspergilose invasiva cresceu cerca de 4 vezes mais nos últimos 10 anos. Conquanto o Aspergillus fumigatus tem sido incriminado por cerca de 90% dessas infecções fúngicas, outros como o A.flavus, A.tenuis, A.niger, A.nodulans, podem ser também responsabilizados. Ver: Aspergilus e o homem. [Júlio Croce]