Ciência e cientista
A palavra ciência provém do latim scientia, originada de scire, que significa saber, o conjunto de conhecimentos. Se não existisse a tendência de degenerar o significado das palavras, que é tão antiga quanto a Humanidade, a palavra ciência exprimiria o conhecimento como um todo, independentemente de sua natureza, que é precisamente o que os antigos gregos chamavam filosofia. Infelizmente, Descartes, no século XVII, sancionou a tendência, já esboçada, de separar ciência de filosofia, criando uma confusão descomunal no domínio do conhecimento, que os intelectuais modernos não só não souberam estancar como a ampliaram de Forma talvez irreparável. Embora houvesse conhecimento científico avançado entre os egípcios, os assírios e os babilônios, foram os gregos que iniciaram a pesquisa não mágica. Os gregos ensinaram a Humanidade a pensar com lógica, mudando completamente a Forma de abordar a compreensão da Natureza. Primeiro na Macedônia grega, onde nasceu Aristóteles um século mais tarde, começou o estudo dos fenômenos, fossem quais fossem. Foi na Macedônia que se realizaram as primeiras experiências científicas como as conhecemos hoje. Os macedônios chegaram a criar relógios razoavelmente exatos e inventaram bombas para aspirar Água e descreveram uma máquina vapor que teria funcionado se houvesse sido construída. O Astrônomo grego Aristarcho, de Samos, sabia muito bem que a Terra é redonda e que gira em torno do Sol. Erathostenes chegou a calcular o tamanho da Terra com precisão quase completa. Foi na Grécia antiga que se descobriu que adicionando-se sal ao fogo ele brilha mais e torna-se mais forte, sem dúvida o primeiro passo para a criação dos explosivos, que mudaram tanto a História da Humanidade, infelizmente para fabricação de armas mas também para se chegar à Lua e aos demais planetas do Sistema solar. Em Atenas, em que também tanto se contribuiu para ampliar o conhecimento, criou-se, infelizmente, o conceito de que as leis da Natureza só podem ser compreendidas pelo raciocínio, considerando-se a pesquisa experimental indigna de intelectuais superiores. Esse conceito, tão expandido e quase imposto por Platão e mais tarde por Aristóteles, foi encampado pelo cristianismo e atrasou em no Mínimo 15 séculos o Progresso da Humanidade. Apesar de, como discípulo de Platão, Aristóteles ter encampado esse critério atrasado, esse grande macedônio inventou a Biologia, dentro da Biologia a Zoologia, o estudo dos comportamentos, a Meteorologia e a Lógica. Seu livro História Natural dos Animais poderia ter sido escrito em nossos dias. Qualquer de suas invenções teria imortalizado qualquer Pessoa. A associação da Observação com a experimentação e a quantificação matemática foi, entretanto, obra de Galileo, que por isso foi o inventor da ciência moderna. Apesar disso tudo, e com um atraso de vários séculos, a palavra cientista é relativamente nova pois foi cunhada pelo britânico William Whewell em um livro, On the Connection of the Physical Sciences, que ele escreveu para a revista inglesa Quarterly Review in 1834. Carlos Chagas Filho, fundador do Instituto de Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, diz que as pessoas que pesquisam dividem-se em duas categorias: os pesquisadores e os cientistas. Os pesquisadores fazem pesquisa sobre temas restritos; os cientistas fazem pesquisa Similar porém tratam de inserir o que descobrem no contexto geral do conhecimento. A Pulverização da ciência em especialidades cada vez menores é uma praga de nossos tempos porém não é recente. Nos séculos XVIII e XIX criaram-se várias classificações de disciplinas científicas. D’Alembert, o grande Matemático francês do século XVIII, considerou já naquela época a existência de 512 ciências distintas... César Timo-Iaria