Automatização em laboratório clínico

De Enciclopédia Médica Moraes Amato
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A introdução de aparelhagem automática para execução de exames de laboratório veio permitir a realização de grande número de exames a um custo relativamente pequeno, mantendo a exatidão e freqüentemente aumentando a precisão. Assim sendo, a possibilidade de automatização é uma característica metodológica muito desejável (nem todos os processos analíticos do laboratório podem ser automatizados, ao menos sem que recorram a equipamentos extremamente complexos que, na prática, são inviáveis). A metodologia automática freqüentemente implica na necessidade da existência de um número suficientemente grande de amostras a serem analisadas para compensar o uso do aparelho, de modo que as rotinas sejam processadas em grandes lotes, incluindo as amostras para o devido Controle de Qualidade. Dessa maneira, grande carga de serviço pode ser atendida com grande rapidez e relativamente pequeno consumo de mão-de-obra, o que é excelente para os exames de rotina. No Caso de exames urgentes, se a rotina correspondente está em andamento, é possível trocar uma das amostras de rotina pela amostra urgente, fazendo-se as devidas anotações para evitar os erros de transcrição de resultados. Entretanto, quando o Aparelho automático não está em funcionamento, nem sempre é compensador colocá-lo em ação apenas para atender ao Caso urgente. Quando isso sucede, é de muita importância, a existência de metodologia manual paralela que permita a obtenção de resultados compatíveis com os obtidos com o Procedimento automático, dada a freqüência com que ocorre a necessidade de comparar exames obtidos na rotina com exames obtidos em Caráter de urgência. Existem instrumentos automáticos próprios para certas determinações em amostras individuais (como o Caso dos aparelhos para determinação de paO2, paCO2 e pH) que podem permanecer permanentemente com Parte de seus circuitos ligados “à espera” (“stand by”) do momento da chegada de uma amostra; no momento azado é acionado o Botão para “operar” (“operate”), os circuitos restantes são ligados e o Aparelho é imediatamente usado. Terminada a Análise da amostra (ou amostras), recebida a Depressão do Botão “espera”, desliga os circuitos operacionais que foram ligados quando foi deprimido o Botão operar. Os aparelhos que funcionam anexo à unidade de terapia intensiva são em geral mantidos em “espera”. Convém notar que existe equipamento automático que veio introduzir níveis consideravelmente maiores de precisão que os obtidos pelos métodos manuais anteriormente utilizados, fazendo com que, para a decisão de aquisição deste equipamento para o laboratório, tenha maior importância a melhoria da Qualidade do que a facilitada de obter quantidade. Exemplo típico desta eventualidade é representado pelos aparelhos automáticos ou semi-automáticos para a contagem de glóbulos sangüíneos, os quais, por efetuarem num curto prazo de tempo a contagem de um número muito maior de células que em tempo bem maior é contado visualmente na Câmara hemocitométrica colocada num microscópio, que a precisão fica consideravelmente aumentada, com grande economia de tempo e menor Fadiga do técnico. A precisão conseguida na contagem dos glóbulos vermelhos (num Sangue Normal são contados em cerca de ¼ de minuto cerca de 50.000 células ao passo que o técnico leva vários minutos para contar 500 ou 1.000 células) conseguir dar novo valor aos índices hemocitométricos, em que outros parâmetros do Sangue são comparados com o número de eritrócitos, como, por exemplo, a Hemoglobina corpuscular média e o volume corpuscular médio. A razão disso já foi mencionada ao tratarmos da precisão ou Erro acidental dos métodos, que pode ser melhorado com a utilização de médias de várias determinações repetidas numa mesma amostra ao invés de uma Análise única. É evidente que o Erro acidental da determinação do número de eritrócitos na contagem de 50.000 eritrócitos fica reduzida à décima Parte do Erro acidental obtido na contagem de 500 eritrócitos (as raízes quadradas de 50.000 e 500 são, respectivamente 223,6 e 22,36). O equipamento automático de análises não apresenta apenas vantagens: eles apresentam seu lado negativo. Além de necessitar uma Especialização do pessoal técnico designado para operá-lo, exigindo maior preparo, apresenta, como toda máquina, a possibilidade de apresentar defeitos, o que exige a existência de um serviço de Assistência Técnica adequado por Parte do fabricante ou do seu representante na Área onde o Aparelho funciona. Dentro desta Assistência Técnica deve-se incluir a revisão preventiva (que em grande Parte deve ser efetuada pelo próprio pessoal técnico que utiliza o aparelho, seguindo rigorosamente as recomendações do “manual de uso do aparelho” que é fornecido junto com o mesmo) e substituição imediata de componentes que apresentam desgaste ou Defeito. A fábrica ou o representante deve manter permanentemente um estoque de peças de reposição, para a imediata correção dos defeitos apresentados pelo Aparelho. Infelizmente, entre nós, em geral a Assistência Técnica do fabricante ou representante deixa muito a desejar, o que constitui uma grande limitação ao uso generalizado dos aparelhos automáticos. Um recurso que laboratórios maiores podem adotar é a utilização de dois aparelhos ao invés de um (seguindo o provérbio popular de “quem tem dois tem um”) que podem ser utilizados em dias alternados (quando executam uma única rotina) ou ao mesmo tempo com distribuição dos lotes entre os dois aparelhos (quando são aparelhos construídos para executar muitos tipos de análises, Caso em que um certo grupo de análises fica a cargo de um Aparelho e outro grupo a cargo do outro). Em Caso de pane, todas as rotinas serão efetuados no Aparelho remanescente em boas condições, prolongando-se o seu tempo de utilização. Na fase atual de desenvolvimento do equipamento automático de análises, as quantidades de material biológico (e de reagentes) necessárias tornaram-se bem menores que as requeridas no passado, o que, inegavelmente, é uma grande vantagem, pois além da necessidade da coleta de menores amostras de material, há mais facilidade na repetição de análises, quando possam apresentar dúvidas quanto à sua Qualidade (por exemplo, quando a amostra padrão de Controle de Qualidade se situa fora dos limites permissíveis). Casos há, particularmente na clínica pediátrica, em que as quantidades de material disponíveis são mínimas, principalmente quando muitas análises devem ser feitas numa única amostra. Nestes casos é imprescindível a utilização de micrométodos ou ultramicrométodos de determinação (amostras de 0,1ml ou muito menores). O importante é que essa micro ou ultramicrometodologia seja compatível com os métodos habitualmente usados na rotina do laboratório, pois não haverá necessidade de definir diferentes faixas de valores normais conforme seja utilizada uma ou outra metodologia. [Octávio A. Germek]