Especialização e sua origem

De Enciclopédia Médica Moraes Amato
Ir para navegação Ir para pesquisar

No início do século, quando a medicina ainda era pobre em conhecimentos, o médico podia dominá-los e sua cultura era enciclopédica. O Progresso foi dificultando o domínio do conhecimento por um homem só. Tal condição delimitou o campo a se dedicar. Conseqüentemente ocorreu o estudo em maior profundidade. Assim apareceram as primeiras especialidades. As separações em áreas se davam por critérios mais gerais como idade, Sexo e assim os Médicos anunciavam mais especialidades como: médico de crianças ou de senhoras. As próprias Santas Casas tinham as enfermarias de mulheres, ou os pavilhões de crianças. Os cirurgiões eram cirurgiões de abdome, de Criança. Os traumatologistas limitavam seus trabalhos ao estudo das fraturas dos ossos. Pouco a pouco, com o Aumento do saber e, ainda, a necessidade de dominar mais profundamente os conhecimentos novos, começou a haver um rearranjo nas atribuições do médico de cada Área. Na Europa, Leriche, da Universidade de Strasbourg na França, cognominado o cirurgião da dor, idealizou a arteriéctomia, depois a Simpatectomia periarterial e a lombar para melhorar a vascularização do Membro. Mas, uma série de conferências que ele fez, em 1930, nos Estados Unidos é que deu início a idéia da Especialização resultando na Cirurgia Vascular. No Brasil, Alípio Corrêa Netto, em 1935, ao assumir a Cátedra de Cirurgia na Faculdade de Medicina que mais tarde veio integrar-se à Universidade de São Paulo (USP), partindo do Fato que as amputações eram feitas pelos ortopedistas e as Varizes pelos cirurgiões gerais, criou o primeiro grupo de Cirurgia Vascular juntando os doentes que, em comum, tinham problemas nos vasos para que pesquisassem sobre esse assunto. A Especialização surgida de maneira tão natural, teve como resultante o enorme Progresso na utilização dos conhecimentos em Benefício do doente. Muitas vezes, uma especialidade que nasce do aprimoramento de uma interface, meio obscura entre duas áreas, pode se expandir de tal Forma que passa a ser igual ou maior do que o todo do qual antes era Parte. As especialidades continuam brotando de subdivisões ou do envolvimento de áreas afins ou próximas. Para caracterizar especialidade é necessário que ela aglutine um Núcleo de conhecimentos com: objeto definido, método próprio e resultado concreto. Os Médicos especialistas devem dominar a etiopatogenia, a fisiopatologia, a Epidemiologia de um conjunto de doenças e delas saber fazer o diagnóstico, o tratamento, o prognóstico e a Prevenção. Nas últimas décadas está aparecendo uma nova tendência de rearranjo, pelo menos academicamente, das especialidades como decorrência do ensino departamentalizado das Universidades, especificamente em suas enfermarias como está ocorrendo no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Assim, as especialidades clínicas estavam no Departamento de Clínica Médica e as cirurgias no de Cirúrgica. De ambos os Departamentos saíram, a Gastrenterologia médica e a cirúrgica para formar o Departamento de Gastrenterologia. A reorganização passa a obedecer o Sistema anatômico. Toda especialidade deve ser mantida e aprimorada para, em centros de excelência, desenvolver a pesquisa e assim gerar conhecimentos novos e formar especialistas, bem como divulgar conhecimentos da matéria. Caberá ainda aos especialistas, ensinar o que os demais Médicos devem saber sobre aquele assunto, e a maneira de proceder. Além das funções já estabelecidas, as especialidades também devem vulgarizar conhecimentos para que as comunidades se beneficiem. É exemplo, a ser seguido, o Trabalho feito em Seattle, Estado de Washington, nos Estados Unidos, onde toda a população é permanentemente treinada para socorro imediato ao mal súbito e, que resultou no Fato das estatísticas comprovarem que lá a Morte por Parada cardíaca ocorre em cifras inferiores a metade do que em todas as demais cidades americanas.