Custo social da doença
A Saúde é uma das preocupações fundamentais das pessoas. Há uma sólida razão econômica para isto, Fato que só foi evidenciado pelos Economistas em época recente. O conceito de custo é o Ponto de partida para a Análise da Doença sob o ponto de vista econômico. O custo mede o uso de recursos. A existência de custo significa que os recursos são escassos. Assim, o custo de oportunidade é o custo da melhor alternativa que se deixa de ter, por se tomar uma dada decisão. Para exemplificar, consideraremos um médico que pode montar seu próprio consutório ou, então, trabalhar em uma empresa. Admitamos que seu ganho líquido na empresa seja determinado valor mensal. Este é o seu custo de oportunidade no consultório, sendo que ele deve tirar, pelo menos, isto por conta própria para não ter prejuízo em relação à sua melhor opção. Deve ficar claro que o custo do capital investido no consultório também deve ser remunerado. Como vemos, a noção de custo de oportunidade tem implícita a idéia de escolha entre alternativas. Uma sociedade com escasses crônica de capital, como é a brasileira, tem de escolher como critério onde vaia locar seus recursos. A evidência dos países desenvolvidos tem mostrado que uma das melhores aplicações que se pode fazer é nas pessoas, ou seja, no capital humano. Essa aplicação de recursos, tendo em vista o ser humano, pode se dar sob várias formas. Pode ser feita na educação, na alimentação, na saúde, na moradia, na disponibilidade de serviços de Água e esgotos, etc. O médico sabe que esses fatores estão interligados, já que uma Pessoa bem nutrida tem menor predisposição à Doença. Por outro lado, uma Pessoa educada sabe como e quando procurar um Tratamento médico e assim por diante. Existem várias opções para se aplicar recursos em Saúde. Pode ser, por exemplo, que se queira investir para erradicar uma Doença como a Febre amarela. Ao fazer isto, o governo está eliminando um custo que é absorvido pelo indivíduo, e outro, mais amplo, que atinge a sociedade. O custo que o Indivíduo deixa de ter é chamado de custo privado. Este é o custo que a Pessoa teria, ao ficar doente, com serviços médicos, remédios e mesmo com a perda de renda pessoal por não Poder trabalhar. O custo que a sociedade deixa de incorrer é denominado custo social. Este custo se traduz, por exemplo, na menor vida útil que uma Pessoa teria após contrair a Febre amarela. A Morte ou a diminuição da expectativa de vida de uma Pessoa por Causa de uma doença, representa um custo social, uma vez que a sociedade investiu nesta Pessoa e não vai Poder obter todo o retorno deste investimento. Um exemplo de custo social é o que decorre da poluição do meio Ambiente pela atividade industrial. Ninguém nega que o Processo de desenvolvimento industrial provoca amplos benefícios porque permite o Crescimento da renda. Porém, as indústrias tendem a poluir, Fato que implica em doenças para as pessoas mais suscetíveis e/ou mais expostas aos poluentes. O Processo de industrialização, portanto, gera benefícios e custos sociais. Ao investir em saúde, o indivíduo, a empresa e a sociedade devem procurar minimizar o custo, ou, alternativamente, maximizar a relação entre benefícios e custos. As pessoas procuram os Médicos que, pela experiência e pelos conhecimentos acumulados, dão o melhor atendimento pelo que é gasto com a consulta. E uma empresa sabe que um Plano de saúde para seus funcionários é um bom negócio, porque permite obter maior produtividade durante as horas trabalhadas. Permite obter, também, mais horas de Trabalho através de uma redução no absenteísmo. Ao investir em saúde, é possível incorporar mais pessoas ao Processo produtivo. Com isto, aumenta-se o bem-estar da sociedade. É claro que a Qualidade de vida da população está relacionada com os serviços de Saúde ofertados. Assim, uma Pessoa que passa horas na fila para ser atendida pela Sistema de Saúde oficial, tem menos tempo para trabalhar e para seu lazer. Nestas condições, sua Qualidade de vida é menor. A questão fundamental com que a sociedade se defronta é a de alocação de recursos em Saúde. O que é preciso saber é se vale a Pena gastar o dinheiro do contribuinte construindo mais um posto de Saúde ou contratando mais um médico, ou seja, se o retorno que se obtém com investimento em Saúde é comparável a outras opções de investimento. A evidência História tem mostrado que a vantagem comparativa de um país repousa mais fortemente na Qualidade do seu capital humano do que na quantidade do capital físico e dos recursos naturais disponíveis. E esta é a razão, conhecida por todos, pela qual o Japão e a Alemanha se desenvolveram tanto após a Segunda Guerra, apesar da sua notória falta de recursos naturais. Assim, podemos dizer que o investimento em Saúde vale a pena, porque contribui muito para a Qualidade de vida das pessoas e para sua Capacidade de produção. A fixação desta prioridade em saúde, é bom que se diga, faz Parte de um Processo político no qual todos estamos envolvidos de um modo ou de outro. O que a sociedade e os políticos devem decidir é qual o valor que tem um ser humano saudável e produtivo, isto porque a vida que está sendo salva pode ser a nossa própria. [Washington F. Mathias]