Erro, visão econômica do
O problema do Erro médico, visto pelo Ângulo do montante econômico que representa para a nação, é alarmante. Imagine-se acrescentar-lhe ainda o custo social. Pode-se admitir que o investimento maciço para melhorar a Qualidade do ensino, Treinamento profissional, reciclagem dos Médicos e despertar de forças de conscientização de toda a classe seria rapidamente recuperado só pela economia dele resultante. Para aceitar essa idéia, deve-se partir do Princípio de que a melhor medicina, ainda que a custo mais elevado, é a mais barata, uma vez que, curando o doente, o recupera para a sociedade, enquanto a medicina barata, não curando o doente, acaba custando mais. A Sabedoria popular traduz o que foi dito no adágio: o barato sai Caro.
Paralelamente a esse pensamento, deve-se ter em mente que o Progresso tecnológico encarece muito a medicina. Cada Aparelho novo não substitui seu eqüivalente antigo, mas acrescenta outro a mais. Não me refiro às novas gerações dos modernos aparelhos que tornam os mais antigos obsoletos com uma rapidez incrível. Para se ter uma idéia, há dois anos um Arterioscópio custava, nos Estados Unidos, três mil e quinhentos dólares e, um ano depois, esse mesmo Aparelho apareceu acoplado à televisão e ao computador, permitindo acompanhar o exame em uma tela de vídeo com imagem digital, com a possibilidade de ser congelada, mas pelo preço de quarenta e nove mil dólares. A introdução dessa aparelhagem, de uso restrito na prática, repercute substancialmente no custo do Tratamento médico.
Compreendido como o custo da Assistência médica aumenta, pode-se imaginar o que deve custar a mais o tratar de Doença iatrogênica. Acrescentem-se a esses fatores o tempo parado do paciente, suas idas e vindas ao hospital, o Aumento de despesas do doente concomitantemente à Queda de sua receita, bem como o tempo que os outros familiares devem dedicar a ele. A tudo que foi lembrado, acrescente-se ainda o transtorno provocado no local de trabalho, primeiro com a sua substituição e, posteriormente, com o seu retorno, enfraquecido para o desempenho de suas atividades habituais. Isso sem contar o tempo de recuperação, freqüentemente mais prolongado do que o previsto pelo eventual agravamento da Doença inicial. Todo esse conjunto de fatores, de um lado a gerar despesas e, de outro, a diminuir receita, pode ser imaginado, mas não há como quantificá-lo.
Cabe aqui um comentário sobre o que ocorre nos Estados Unidos, onde há uma obsessiva preocupação em se apurar a Responsabilidade por tudo e tirar sempre a maior vantagem possível. Até mesmo conscientemente erradas, as pessoas reclamam. Há situações extremas em que o próprio médico induz o doente a reclamar, lembrando-lhe que é com essa finalidade que ele paga o seguro.
Há uma estimativa segundo a qual, no Brasil, 5% dos leitos hospitalares estejam sempre ocupados por pacientes em Tratamento de Complicações decorrentes de uso inadequado de medicamentos, de uso exagerado de drogas e de operações teoricamente mal feitas.
Na inexistência de dados concretos e mais fidedignos sobre a matéria, mesmo não computando os casos dos aposentados e dos afastados do Trabalho graças a atestados falsos ou em decorrência de erros de diagnósticos ou de conduta, mas tendo em vista que tais indivíduos não são normalmente reaproveitados em serviços compatíveis com suas limitações, só se poderia estimar o custo do Erro médico mediante uma hipótese de dificílima compreensão, mas que é a única que parece razoável.
Com as devidas reservas que se devem fazer, ao trabalhar com bases em dados estimados, e considerando ainda, como admite a Dra. Lourdes de Freitas Carvalho, que o Brasil tinha, em início desta década, 2,2 leitos em hospitais gerais por mil habitantes e que esse número se eleva a 3,0 quando são computados também os hospitais especializados, pode-se crer que 30 mil leitos estejam permanentemente ocupados por doentes dessa natureza. Embora a Previdência pague por leito/dia cerca de três dólares, o custo real é Superior a cinqüenta, perto de vinte vezes mais, segundo cálculos do Dr. Pedro Nahas, do que se pode inferir que se desperdice, no mínimo, perto de 1,5 bilhão de dólares anuais.
Esse valor, se alocado para a Prevenção do Erro médico, será suficiente para mantê-lo nos mais baixos níveis.