Erro induzido
Há situações no exercício da medicina em que se pode admitir que o Erro foi induzido. Para bem compreender o que se pretende caracterizar sob a expressão vou dar exemplo.
A Apendicectomia é uma operação tecnicamente fácil, porém, dois fatores a tornam perigosa. O primeiro deles decorre das variações anatômicas do próprio órgão, a segunda do grau da Inflamação lesando o próprio Órgão e os que estão acolados a ele. Os mesmos fatores que dificultam a extração do Órgão também influenciam na modificação dos sintomas, retardando o Diagnóstico de certeza, o que, por sua vez, faz que a Lesão nos Órgãos vizinhos dificulte ainda mais o Diagnóstico e depois a operação.
O descrito diz respeito à maior possibilidade de acidentes e também de Complicações. Há ainda outro fator de Dificuldade presente nesse contexto: trata-se da experiência do cirurgião.
A Apendicectomia é uma das primeiras operações que o cirurgião aprende a fazer, mas seu aprendizado implica sempre a presença de um profissional mais experiente. Este, por sua vez, vai, pela natural evolução do aprendizado, liberando progressivamente o mais jovem para executar atos cada vez mais importantes até permitir que ela faça a operação. Isto se dá desde que o neófito: 1- tenha estudado teoricamente o Caso; 2- tenha examinado adequadamente o Paciente; 3- tenha feito o Diagnóstico; 4- antes de iniciar a operação tenha descrito todas as suas etapas. Evidentemente, o mais simples dos tempos é a colocação dos campos esterilizados e a Incisão na Pele. No ato cirúrgico, o tempo é muito precioso e, dessa maneira, concomitantemente, cada médico faz sua Parte. O início do ato cirúrgico começa a contar a partir da Incisão do Bisturi na pele, evidentemente depois da liberação dada pelo Anestesista para que ele seja começado. Nesse momento, o jovem que está iniciando seu aprendizado tem uma enorme descarga de Adrenalina e a Emoção pode levar o cirurgião a determinar erradamente o local convencional da Incisão. Isso ocorre com pacientes com Abdome em avental, longilíneos ou brevilíneos extremos. Ocorre que, muita vez, feita a Incisão da pele, as referências desaparecem dos locais esperados e a probabilidade de encontrar o Apêndice vai diminuindo. Esse Fato explica o motivo pelo qual, na Rússia, aqueles que são Médicos há três anos, apenas, podem fechar a Parede abdominal mas não lhes é permitido abri-la. Havendo Dificuldade em achar o apêndice, o cirurgião mais experiente entra em campo para achá-lo. Em que pese toda a sua vivência, o Apêndice demora a ser encontrado. Neste ponto é que a expressão Erro induzido tem o seu significado adequado. Para não cair nesse Erro ele deve reavaliar todos os tempos cirúrgicos, desde a colocação dos campos esterilizados e local da Incisão cirúrgica. Ele não pode, para resolver uma dificuldade, partir do pressuposto de que os procedimentos tidos como banais tenham sido feito corretamente. O Fato de ser simples não impede que tenham sido errados a ponto de chegar a induzir a Erro. O Procedimento correto para corrigir a rota é tomar por Base o Ponto de partida.
Outro exemplo, talvez mais facilmente compreensível, é o decorrente de tomadas de decisão apoiadas em Diagnóstico errado. Assim, vejamos o Caso de uma Biópsia de Nódulo mamário apresentar o Diagnóstico anatomopatológico errado de Neoplasia e o cirurgião amputar a Mama. Nestas condições, ele comete Erro decorrente do Erro do patologista. Cabe ao cirurgião tomar a conduta operatória apenas diante de Diagnóstico de absoluta certeza do patologista, após exame microscópico e com o Consentimento expresso do Paciente na presença de familiares.
é o Erro decorrente da tomada de decisão apoiada em Diagnóstico errado. V.g. Mastectomia apoiada em Biópsia da Mama com Diagnóstico errado.