Equivoquismo hospitalar

De Enciclopédia Médica Moraes Amato
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Estão relacionados alguns vocábulos utilizados de Forma inadequada, que mais freqüentemente aparecem no cotidiano da vida hospitalar e no final, alguns hábitos que me parecem descabidos.
Abordar – expressão de uso mais adequado em náutica; equivocadamente usada no lugar de “tratar de um assunto”.
Bastante – erroneamente usada como sendo “muito”; na verdade, quer dizer suficiente, bastante é o que basta, o que completa, seja muito ou pouco.
Borda – usada de maneira inadequada para indicar “limite” ou “margem”; o correto, para dar um exemplo, seria “margem do fígado” como adota a Nômina Anatômica.
Cirurgia – inadvertidamente essa palavra é usada como Sinônimo de “operação”; trata-se de utilização inadequada pois “cirurgia” é a arte enquanto “operação” é o ato. Não é correta a expressão “vou fazer uma cirurgia”, o certo é “vou fazer uma operação”. Pode-se dizer “tratamento cirúrgico” ou “indicar-se uma operação”. Nunca usar a expressão “a conduta é cirurgia” e sim “a conduta é cirúrgica”.
Colheita – equivocadamente, é usada como Sinônimo de “coleta”; o certo é “coleta de dados”, “coleta de material para exame de laboratório”, “coletar dados para estudo”. A expressão assim aplicada aparece no Sentido de recolher ou de obter. Por outro lado, colher deve ser usado no Sentido de separar o fruto da haste. É errado falar-se em colheita de Urina.
Constatar – galicismo; preferível usar “observar” ou “registrar”.
Detalhe – galicismo; deve-se preferir “particularidade” ou “minúcia”.
Fracasso – italianismo; estrondo de coisa que se Parte ou cai; usado como falta de êxito; o melhor é usar “malogro”.
Inclusive – significa, como advérbio, “de modo inclusivo”, “com inclusão”; como adjetivo, “que encerra”, “que abrange”; entretanto, seu uso é comum no lugar da preposição “e” ou do advérbio “também”. É sem Propósito usar dessa maneira.
Material – expressão impropriamente usada nas publicações médicas como “material e método” para indicar “casuística”; não há porque, em português, usar esse termo ao lado de método, uma vez que método, no Sentido referido, já indica também os elementos utilizados para atingir o objetivo. A rigor, o método inclui casuística, Técnica e tática. Material é referente à alvenaria ou como gíria brasileira à mulher bonita; não é aceitável chamar o doente ou o Cadáver de material. Entretanto, no laboratório de análises clínicas e de Anatomia patológica, não deve haver restrição no uso do termo - material - como genérico, para indicar secreção, excreção, Substância aspirada, líquidos, conteúdo de Órgão oco, fragmentos de tecidos. Estes últimos, comumente referidos, como peças.
Painel – anglicismo; utilizado para indicar o que em português se chama de “mesa redonda”; reunião em que especialistas, em pé de igualdade, tratam de um assunto.
Panelista – termo inadequado “inventado” para indicar o participante que integra “mesa redonda”.
Patologia – freqüentemente usada como Sinônimo de “doença”. Patologia é a Parte da medicina que estuda a doença, sua origem, quadro clínico e natureza. Doença é Sinônimo de moléstia, Enfermidade; trata-se de alteração do organismo que perturba a Saúde e que, no homem, pode ser física ou mental. Assim, não se pode dizer que “o Paciente apresenta uma patologia” e nem que “o Paciente tem nova patologia”. O correto é dizer que ele “apresenta uma doença”, ou “...nova doença”.
Performance – vocábulo utilizado como “aptidão física”; aparece apenas no Aurélio significando atuação, desempenho.
Pronto-Socorro – o plural é “prontos-socorros” que, equivocadamente, não costuma ser pronunciado de maneira correta. Deve pronunciar-se “socórros”.
Severo – vocábulo usado freqüentemente para indicar “grave”; por exemplo, Doença grave.
Slide – anglicismo injustificável já que há em português, “diapositivo”, que é, no caso, a palavra correta.
Sucesso – usado no lugar de “bom sucesso”; seria melhor utilizar o vocábulo “êxito”, pois que sucesso, do verbo suceder, significa acontecimento, que pode ser bom ou mau. Tanto que, popularmente, usa-se a expressão “mau sucesso” para uma Gravidez falhada.
Entre os casos inadequados não podem ser esquecidos os que vão relacionados a seguir: usar nas citações bibliográficas o símbolo do “e” comercial “&” antes do sobrenome do último autor, que talvez seja induzido pelo “et al.”, abreviatura da expressão latina et alli, que significa “e outros”; a expressão de uso bancário “e/ou” para indicar associações eventuais de sinais, sintomas ou doenças, que pode, também, ter o “e” separado do “ou” por vírgula; ao tratar da relação do médico com o Paciente usar a barra para separá-los: o certo deve ser o hífen que une e não separa, ainda mais se consideramos que essa relação é a “ponte de união” fundamental para o êxito do Tratamento do Paciente. Embora não apareça escrito de maneira errada, muita vez, há certo titubear ao passar qualquer para o plural que, corretamente, é quaisquer, a única palavra do Vernáculo cujo plural se faz no meio. As secretárias devem lembrar que abreviação de Professor é prof. e nunca prof. o pois, para manter coerência elas deveriam também, abreviar doutor com a letra “o” como Índice: dr. o. O equívoco talvez seja induzido, pelo Fato de que, no feminino é prof. a, e também dr. a. Fica de lado, sem comentários, o péssimo Hábito do uso abusivo de siglas para indicar doenças, quadro clínico ou sintomas; compreensível apenas, ocasionalmente, ao pé do leito, para tornar hermética a conversa entre os médicos, de maneira a não afligir o Paciente. Cabe especial Atenção na hora de redigir um Trabalho ou de fazer uma Comunicação escrita, na qual nada poderá ser subentendido e o que vai ser dito deve ser explícito, preciso, conciso, em ordem direta, de maneira simples e clara. As siglas poderão aparecer, com o cuidado de apresentá-las entre parênteses, na primeira vez que a expressão for usada por extenso, o que indicaria, por assim dizer, que daquela altura em diante, ela será referida apenas, pela Sigla. Essas considerações servem para alertar os jovens Médicos no Sentido de usarem adequadamente os vocábulos, respeitar o Vernáculo.